O nome delas não está escrito nas páginas da história oficial. Elas sofrem duplo preconceito: o de gênero, por serem mulheres, e o de racismo,
por serem negras. A vida e os feitos das mulheres negras no Brasil
ficou à sombra dos heróis brancos, um passado largado nos fundos dos
baús de acervos e bibliotecas, praticamente esquecidos até agora. Com o
firme propósito de valorizar essas personagens, e seguindo o lema de
conhecer para reconhecer, os pesquisadores Schuma Schumaher e Érico
Vital Brasil lançam o "tijolaço de dignidade e resistência", como eles
definem o livro Mulheres Negras do Brasil (Senac/Redeh, 496 págs., R$
135), que também reúne um belíssimo material iconográfico.
A pesquisa começou há dez anos com o projeto Mulher, 500 Anos atrás dos Panos, que visava a uma leitura crítica das comemorações do Descobrimento do Brasil. "Queríamos discutir qual o papel das mulheres nesse período, uma vez que elas ficaram relegadas às entrelinhas da história", observa Schuma. Uma equipe de pesquisadores foi à campo para levantar documentos, fotos, quadros e depoimentos sobre as mulheres brasileiras. Essa primeira frente de trabalho resultou no Dicionário das Mulheres (Jorge Zahar Editora), lançado em 2000. "Nesse livro, registramos o papel das mulheres no desenvolvimento do País e percebemos a necessidade de pesquisar mais atentamente as mulheres negras", explica Vital Brasil.
A pesquisa começou há dez anos com o projeto Mulher, 500 Anos atrás dos Panos, que visava a uma leitura crítica das comemorações do Descobrimento do Brasil. "Queríamos discutir qual o papel das mulheres nesse período, uma vez que elas ficaram relegadas às entrelinhas da história", observa Schuma. Uma equipe de pesquisadores foi à campo para levantar documentos, fotos, quadros e depoimentos sobre as mulheres brasileiras. Essa primeira frente de trabalho resultou no Dicionário das Mulheres (Jorge Zahar Editora), lançado em 2000. "Nesse livro, registramos o papel das mulheres no desenvolvimento do País e percebemos a necessidade de pesquisar mais atentamente as mulheres negras", explica Vital Brasil.
Foram mais de três anos vasculhando todos os tipos
de acervos em todo o território nacional para resgatar mais de 500 anos
de história. Desde a bula papal que permitiu a escravização dos
africanos até os dias de hoje, o livro se apresenta como uma obra de
referência.
Derruba idéias cristalizadas e preconceituosas. "As pessoas
costumam pensar na África como um país e não como um continente de
diferentes etnias. Para cá vieram centenas delas, algumas culturas se
sobressaíram e estão vivas. Tradições, principalmente religiosas, estão
mais preservadas aqui do que na África. O registro das imagens
presentes no livro valoriza essa cultura", destaca Vital Brasil.
Mulheres Negras do Brasil reúne biografias
surpreendentes, como a de Paula Bahiana, quituteira que se tornou
fuzileira naval honorária, ou a de Teresa Benguela, líder quilombola.
"Sem dúvida, esta é uma obra incompleta, que nasceu com o propósito de
construir uma história e de provocar novas pesquisas", resume Schuma.
O livro, publicado em parceria pelas editoras Senac
Nacional e Senac São Paulo, aborda as incontáveis experiências das
mulheres negras do Brasil e expressa o compromisso com a promoção de
uma sociedade mais justa e equânime, por meio de uma ação educacional
afirmativa que privilegie a diversidade e a inclusão. A obra reúne
centenas de imagens que testemunham a pluralidade de cenários e
personagens, nos quais rostos, corpos, jeitos, gingados, crenças
revelam a força do universo feminino negro, num reconhecimento da
contribuição dessas mulheres para a riqueza do país, que se traduz numa
passo significativo para a superação de sua invibilidade. [Fontes:
Estadão e SENAC/RJ]
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