O Brasil foi a última nação da América a
abolir a escravidão. Entre 1550 e 1850, data oficial do fim do tráfico
de negros, cerca de 3.600.000 africanos chegaram ao Brasil. A força de
trabalho desses homens produziu a riqueza do País durante 300 anos.
Apesar de a maior parte dos escravos não saber ler nem escrever,
isso não significava que não tivessem cultura. Eles trouxeram para o
Brasil seus hábitos, suas crenças, suas formas de expressão religiosa e
artística, além de terem conhecimentos próprios sobre técnicas de
plantio e de produção. Entretanto, a violência e a rigidez do regime de
escravidão não permitiam que os negros tivessem acesso à educação.
Oprimido e explorado, o negro encontrava nas suas raízes
africanas a força para resistir à dominação dos senhores nas suas
fazendas. E muitos aspectos de sua cultura permaneceram vivos, como, por
exemplo, a religião. O candomblé, ritual religioso com danças,
oferendas e cultos para Orixás, atravessou a história e aparece como uma
prova de preservação das raízes do povo africano no Brasil.
Foi somente em 13 de maio de 1888 que a Princesa Isabel assinou a
Lei Áurea, "libertando" todos os escravos. Mas para muitos essa liberdade
não poderia mais ser aproveitada como deveria. Após anos de dominação,
os negros foram lançados numa sociedade preconceituosa, de forma
desarticulada, sem dinheiro, sem casa, sem comida, sem nenhuma condição
de se estabelecer.
Hoje, no Brasil, ainda é possível ver os reflexos dessa história
de desigualdade e exploração. Alguns indicadores referentes a população,
família, educação, trabalho e rendimento e que são importantes para
retratar de forma resumida a situação social de brancos, pretos e
pardos, revelam desigualdades em todas as dimensões e áreas geográficas
do País. Apontam, também, para uma situação marcada pela pobreza,
sobretudo para a população de pretos e pardos.
Segundo dados da publicação Síntese de Indicadores Sociais - 2000
- que reúne dados de pesquisas do IBGE, em 1999, a população
brasileira era composta por 54% de pessoas que se declararam brancas,
5,4% de pretas, 39,9% de pardas e 0,6% de amarelas e indígenas.
Em termos regionais, a população branca está mais concentrada no
Sul (83,6%), a preta no Sudeste (6,7%), a parda no Norte (68,3%) e a
população amarela e indígena também no Norte (1%).
As diferenças referentes à educação diminuíram nas duas últimas
décadas, mas ainda são significativas. Em 1999, a taxa de analfabetismo
das pessoas com 15 anos de idade ou mais era de 8,3% para brancos e de
21% para pretos e a média de anos de estudo das pessoas com 10 anos de
idade ou mais é de quase 6 anos para os brancos e cerca de 3 anos e meio
para pretos.
Apesar dos avanços nas últimas décadas na área da educação, com
declínio do analfabetismo e aumento da escolarização e da escolaridade
média, há muito que se fazer para alcançar níveis de qualidade,
eficiência e rendimento do ensino compatíveis com as necessidades atuais
e futuras de empregabilidade e de exercício da cidadania para a
população jovem.
As diferenças são expressivas também no trabalho, onde 6% de
brancos com 10 anos de idade ou mais aparecem nas estatísticas da
categoria de trabalhador doméstico, enquanto os pardos chegam a 8,4% e
os pretos a 14,6%. Por outro lado, na categoria empregadores
encontram-se 5,7% dos brancos, 2,1% dos pardos e apenas 1,1% dos pretos.
A distribuição das famílias por classes de rendimento médio
mensal familiar per capita indica que, em 1999, 20% das famílias cujo
chefe é de cor ou raça branca tinham rendimento de até 1 salário mínimo
contra 28,6% das famílias pretas e 27,7% das pardas.
Ainda em 1999, a população branca que trabalhava tinha rendimento
médio de cinco salários mínimos. Pretos e pardos alcançavam menos que a
metade disso: dois salários. Essas informações confirmam a existência e
a manutenção de uma significativa desigualdade de renda entre brancos,
pretos e pardos na sociedade brasileira.
Fonte: http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/discriminacao/ontemhoje.html
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