Makota Valdina afirma que atualmente muitos não negros têm editais
aprovados para promover a arte negra. Em debate da Comissão de Educação e
Cultura sobre incentivo à cultura negra, o cineasta Joel Zito Araújo
afirmou que a atual produção cultural do País nega a diversidade racial
brasileira. Segundo ele, há um “embranquecimento” das telas do cinema e
da TV.
Essa realidade foi mostrada em dois trabalhos de Araújo: no
documentário “A Negação do Brasil” e no livro “O Negro na TV pública”.
Pesquisas citadas por ele mostram a baixa representatividade de negros
na TV e no cinema e revelam que 90% dos personagens negros são
subalternos.
O cineasta reclamou ainda da ausência de políticas
públicas para fomentar a imagem justa e equilibrada da população. Ele
defendeu a reserva de cota, nos editais de patrocínio cultural de
estatais, para projetos apresentados por negros.
A
ausência no debate da ministra da Cultura, Anna de Holanda, foi
lamentada pela makota (auxiliar direta da mãe de santo ou sacerdotisa)
do terreiro de candomblé Tanuri Junsara, em Salvador, Valdina Oliveira
Pinto. Em tom de desabafo, ela afirmou que atualmente muitos não negros
têm editais aprovados para promover a arte negra.
“Temos que ser
o sujeito e não o objeto dessas ações, para evitar estereótipos e a
perpetuação do racismo”, disse Valdina. “Chega de Pierre Vergers e
Carybés da vida”, completou, em referência ao fotógrafo francês e ao
pintor argentino – dois artistas brancos que retrataram a cultura
baiana.
Edição: Daniella Cronemberger
Fonte: Agência Câmara de Notícias


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