Dois países ocupam uma mesma e imensa porção da América do Sul. Um
deles, o Brasil branco, é mais escolarizado, sofre menos com o
desemprego, e sua população tem renda. O outro é o Brasil negro, em que
apenas 4% dos habitantes concluíram o ensino superior, e a pobreza
extrema afeta muito mais pessoas.
Apesar de essas duas nações terem,
aparentemente, as mesmas condições de cuidar de suas populações, o
Brasil negro ainda sofre com as consequências de um fenômeno cruel que
deixou essa parcela da sociedade em enorme desvantagem: a escravidão. Os
quase 400 anos em que negros eram encarados como simples mercadorias,
animais de trabalho sem direitos, cavaram um abismo entre os dois
Brasis, que precisam agora encontrar o caminho da reconciliação para que
todos, independentemente dos traços físicos ou da cor da pele, possam
ser, simplesmente, brasileiros.
Não faltam dados que mostram como os afrodescendentes são colocados
na rabeira do espectro social. Segundo dados do Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicadas (Ipea), em 2003, 8,4% dos negros encontravam-se em
condições de extrema pobreza, enquanto, entre os brancos, esse índice
era de 3,2%. Embora mulheres e homens negros sejam 44,7% dos
brasileiros, eles representam 68% dos 10% mais pobres no país. À medida
que se avança em direção aos grupos mais abastados, ocorre um
"branqueamento" da população, até que a presença negra seja reduzida a
13% dos 1% mais ricos.
Fonte: Correio Braziliense

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