Big Mac terá prioridade sobre acarajé na Copa do Mundo em Salvador
A venda do acarajé, patrimônio imaterial da Bahia, poderá ser proibida
em um perímetro de até dois quilômetros distante da Arena Fonte Nova,
estádio que vai abrigar os jogos da Copa das Confederações e da Copa do
Mundo.
A venda do acarajé, patrimônio imaterial da Bahia, poderá ser proibida
em um perímetro de até dois quilômetros distante da Arena Fonte Nova,
estádio que vai abrigar os jogos da Copa das Confederações e da Copa do
Mundo.
A Fifa recomenda o afastamento dessa modalidade de comércio
ambulante, o que em tese, não pode ser concorrente dos hambúrgueres
produzidos pela rede McDonald's, patrocinadora oficial da entidade. "Até
agora ninguém me chamou para conversar sobre a situação das baianas",
reclamou a presidente da Associação das Baianas de Acarajé e Vendedoras
de Mingau (Abam), Rita Maria Ventura dos Santos, em entrevista ao A
Tarde.
A dirigente classifica como absurda a hipótese de não haver
baianas vendendo acarajé na Fonte Nova. "Eram oito baianas lá dentro que
tiveram que sair devido à obra.
Agora que está tudo novo vão retirar
as baianas? Todas tinham carteira", afirmou. Rita ainda reclama de
atraso nos cursos de preparação. Segundo ela, o Sebrae programou a
formação de 300 baianas para o serviço de receptivo, mas calcula que,
mesmo com a abertura de nova turma em 29 de outubro próximo, este número
não será alcançado.
Segundo a dirigente, a Secretaria Estadual do
Turismo (Setur) inscreveria outras cinquenta para curso de formação
realizado pelo Ministério do Turismo. "Mas não há previsão", lamentou. A
Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014
(Secopa) informou que não há certeza sobre o local onde as baianas
ficarão durante os jogos.
"Mas elas serão contempladas", disse a chefe
de gabinete da pasta, Liliam Pitanga. Ela não assegurou se este local
será dentro do estádio. Apenas disse que a Fifa também participa da
discussão. "Mas ainda não há informações concretas". O especialista em
antropologia da alimentação, Vilson Caetano, diz que a expulsão das
comidas com dendê já vem sendo feita em outros eventos realizados na
capital baiana. “O que está por trás disso é uma velha política
higienista que é racista e que visa de fato invizbilizar os elementos
negros”, apontou.
Ele salienta ainda que nas religiões de matriz
africana, o acarajé é uma espécie de corpo ancestral, uma personificação
do orixá Iansã. “É uma marca de toda a cultura baiana”, condenou.
Fonte: Bahia Notícias
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